segunda-feira, 16 de maio de 2011

13 de maio: dia da farsa nacional



A passagem do último dia 13 em que se “comemora” os 123 anos da “abolição” da escravatura me fez recordar uma passagem do romance Tambores de São Luiz do escritor, conterrâneo meu, Josué Montello.  Quando os negros souberam da notícia da libertação, saíram em festa pela cidade. Alguns agrediam seus senhores e provocavam arruaça. A comemoração avançara pela madrugada, até que ao amanhecer do dia seguinte, muitos negros se deram conta de que estavam sem teto e sem comida. Não lhes restando alternativa, alguns voltaram e pediram guarida aos seus ex-senhores e outros simplesmente ficam pelas ruas promovendo um início de precariedade urbana que se estende até nossos dias.
Desde os primeiros anos de escola aprendi que princesa Isabel era heroína. Afinal, ela havia colocado um ponto final em um dos episódios mais trágicos de nossa breve história como nação: a escravidão. Contudo, descubro depois que as coisas não foram bem assim. Não contexto nem que não haja algum mérito no ato da monarca. O que contexto é o fato de termos sidos enganados por longos anos sob a alegação de que as escolas deviam aplicar o programa oficial do Estado. Ainda querem me empurrar goela abaixo que nos países socialistas é se deve seguir uma cartilha.
O fato é que o Brasil já se via alguns anos pressionado pelo avanço da industrialização, sobretudo pela Inglaterra, que despontara, desde o século XVII, como a maior potência industrial do mundo. Carente de novos mercados consumidores, os ingleses avançavam sobre os países sob regime escravocrata, pois, com a abolição deste regime, se abririam novos mercados. Isso estava pautado numa lógica muito simples: em um regime de escravidão não há um mercado consumidor consistente, isso por que se os escravos não recebem proventos pelo seu trabalho, logo não poderão consumir, tendo em vista primeiro que não terão dinheiro pra tanto e segundo que suas necessidades mais básicas já eram supridas por seus senhores. Além do mais, um país sob regime escravocrata não carece de maquinário para a produção, pois esta já está amparada pela mão de obra escrava. Como a Inglaterra já alcançara um patamar de produção que ultrapassava a dos bens primários, produzindo agora equipamentos que seriam produtores de outros produtos, era necessário que outras nações aderissem ao processo de industrialização, de modo a se tornarem consumidores dos equipamentos ingleses.
Com efeito, a pressão inglesa havia se tornado tão grande que o Brasil não encontrou outra escolha que não assinar a chamada Lei Áurea, denominação, que por sinal, não tem relação alguma com sua pretensão que era de abolir a escravidão no Brasil. Na verdade o nome da dita lei se refere a uma caneta de ouro presenteada pelos ingleses para que a monarca assinasse o referido documento.
É bem verdade que a questão é bem mais complexa que isso, contudo, não faz mal nenhum lembrar como carecemos de observar o que há por traz dos “fatos”, que diariamente nos introjetam. Sendo assim, o 13 de maio vale ser lembrado como o dia da farsa nacional.

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