quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Tropa de Elite, osso duro de roer



Fui assistir ao filme Tropa de Elite 2 (antes tarde do que nunca!) e gostei do filme. Primeiro pela qualidade técnica que acena para uma retomada de fato do cinema nacional. Segundo pelo poder de argumento da estória/história. Na primeira versão eu já havia insistido (para lá da acusação de que o filme era fascista ou glorificador da ação exterminadora do estado policial) na tese de que polícia e os bandidos são dois lados da mesma moeda, ou seja, da falência do estado democrático de direito.

Como ficou claro nessa continuidade da película, os tão temidos traficantes de drogas do Rio de Janeiro não passam de gerentes de um “sistema” muito maior e mais complexo. A corrupção e descaso político adentram o poder do Estado ou se alinham a esse, de modo a dar cabo daqueles que de alguma forma tentem se contrapor a esse tipo de situação. Nesse sentido, significativa é a referência a brilhante atuação de Marcelo Freixo (Deputado Fraga, no filme) na CPI das milícias.
Embora o filme faça um aviso de que tudo que será mostrado não passa de ficção, não há como não reparar na perspicácia dos produtores ao empurrar o espectador para um mundo “fictício” tão semelhante ao nosso que chega a provocar horror. É o Rio de Janeiro em que vivemos, com os seus meandros de decomposição moral e política. Não aquela Moral pequeno-burguesa, mas aquela Moral que se espera de um representante do Estado, muito embora não devamos nos iludir com essas coisas.
Digna de aplauso sim é a atuação do elenco, sobretudo Vagner Moura que mais uma vez prova sua competência profissional.
O filme possibilita muitas discussões, sobretudo às referentes a questão da atual política de segurança pública, com suas Unidades de Polícia Pacificadora, que tanto tem rendidos críticas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário