Fui assistir ao filme Tropa de
Elite 2 (antes tarde do que nunca!) e gostei do filme. Primeiro pela qualidade
técnica que acena para uma retomada de fato do cinema nacional. Segundo pelo
poder de argumento da estória/história. Na primeira versão eu já havia
insistido (para lá da acusação de que o filme era fascista ou glorificador da
ação exterminadora do estado policial) na tese de que polícia e os bandidos são
dois lados da mesma moeda, ou seja, da falência do estado democrático de
direito.
Como ficou claro nessa
continuidade da película, os tão temidos traficantes de drogas do Rio de
Janeiro não passam de gerentes de um “sistema” muito maior e mais complexo. A
corrupção e descaso político adentram o poder do Estado ou se alinham a esse,
de modo a dar cabo daqueles que de alguma forma tentem se contrapor a esse tipo
de situação. Nesse sentido, significativa é a referência a brilhante atuação de
Marcelo Freixo (Deputado Fraga, no filme) na CPI das milícias.
Embora o filme faça um aviso de
que tudo que será mostrado não passa de ficção, não há como não reparar na
perspicácia dos produtores ao empurrar o espectador para um mundo “fictício”
tão semelhante ao nosso que chega a provocar horror. É o Rio de Janeiro em que
vivemos, com os seus meandros de decomposição moral e política. Não aquela
Moral pequeno-burguesa, mas aquela Moral que se espera de um representante do
Estado, muito embora não devamos nos iludir com essas coisas.
Digna de aplauso sim é a atuação
do elenco, sobretudo Vagner Moura que mais uma vez prova sua competência
profissional.
O filme possibilita muitas
discussões, sobretudo às referentes a questão da atual política de segurança
pública, com suas Unidades de Polícia Pacificadora, que tanto tem rendidos
críticas.
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