A disciplina “Perspectiva Crítica
da Tecnologia: dialogando com filmes sobe o tema” da Professora Eloiza Oliveira
do mestrado do Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas e Formação
Humana nos deu, a mim a meu colega Ricardo Drummond, a possibilidade de abordar
em um seminário uma temática no mínimo fascinante: “A tecnologia e a formação
de subjetividade: tecnofilia e ciberneuroses”. Na incumbência de discorrer
sobre Subjetividade e na impossibilidade de tecer maiores comentários sobre a questão, transcrevo abaixo alguns
apontamentos de Guattarri sobre o tema.
“Ao invés de ideologia, prefiro
falar sempre em subjetivação, em produção de subjetividade” (GUATTARI, 2OO5, p.
33).
“Proponho [...] a ideia de uma
subjetividade de natureza industrial, maquínica, ou seja, essencialmente
fabricada, modelada, recebida, consumida” (GUATTARI, 2OO5, p. 33).
“A produção de subjetividade
constitui matéria-prima de toda e qualquer produção” (GUATTARI, 2OO5, p. 36).
“A produção de subjetividade
encontra-se, e com um peso cada vez maior, no seio daquilo que Marx chama de
infra-estrutura produtiva” (GUATTARI, 2OO5, p. 36).
“Todos os fenômenos importantes
da atualidade envolvem dimensões do desejo e da subjetividade” (GUATTARI, 2OO5,
p. 36).
“A subjetividade está em
circulação nos conjuntos sociais de diferentes tamanhos: ela é essencialmente
social, e assumida e vivida por indivíduos em suas existências particulares. O
modo pelo qual os indivíduos vivem essa subjetividade oscila entre dois
extremos: uma relação de alienação e opressão, na qual o indivíduo se submete à
subjetividade tal como a recebe, ou uma relação de expressão e de criação, na
qual o indivíduo se apropria dos componentes da subjetividade, produzindo um
processo que eu chamaria de singularização” (GUATTARI, 2OO5, p. 42).
“As relações de inteligência, de
controle e de organização social estão cada vez mais adjacentes aos processos
maquínicos; é atravéz desta produção de sujetividade capitalística que as
classes e castas que detêm o poder nas sociedades industriais tendem a
assegurar um controle cada vez mais despótico sobre os sistemas de produção e
de vida social” (GUATTARI, 2OO5, p. 48).
“A produção da subjetividade pelo
CMI é serializada, normalizada, centralizada em torno de uma imagem, de um
consenso subjetivo referido e sobrecodificado por uma lei transcedental”
(GUATTARI, 2OO5, p. 48).
“Quanto a mim, hoje considero que
a apreensão de um fato psíquico é inseparável do Agenciamento de enunciação que
lhe faz tomar corpo, como fato e como processo expressivo” (GUATTARI, 1990, P.
19).
“[...] gostaria principalmente de
sublinhar a responsabilidade e o necessário ‘engajamento’ não somente dos
operadores ‘psi’, mas de todos aqueles que estão em posição de intervir nas
instâncias psíquicas individuais e coletivas (através da educação, saúde,
cultura, esporte, arte, mídia, moda etc)” (GUATTARI, 1990, p. 20, grifo nosso).
“[...] tenho a convicção de que a
questão da enunciação subjetiva colocar-se-á mais e mais à medida que se
desenvolverem as máquinas produtoras de signos, de imagens, de sintaxe, de
inteligência artificial...” (GUATTARI, 1990, p. 23).
“O capitalismo pós-industrial
que, de minha parte, prefiro qualificar como Capitalismo Mundial Integrado
(CMI) tende, cada vez mais, a descentrar seus focos de poder das estruturas de
produção de bens e de serviços para estruturas produtoras de signos, de sintaxe
e de subjetividade, por intermédio, especialmente, do controle que exerce sobre
a mídia, a publicidade, as sondagens etc.” (GUATTARI, 1990, p. 31).
Referências
GUATTARI, Félix. As três
ecologias. Campinas, SP: Papirus, 1990.
GUATTARI, Felix; ROLNIK, Suely.
Micropolítica: cartografias do desejo. 7. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.
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